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Cosaúde analisa proposta de incorporação do secuquinumabe para Hidradenite Supurativa

Nesta terça-feira (24), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) realizou a 33ª Reunião Técnica da Comissão de Atualização do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar (Cosaúde).

Os membros da Cosaúde analisaram a proposta de incorporação no rol do Secuquinumabe, tecnologia indicada para tratamento de pacientes adultos com hidradenite supurativa moderada a grave.

Camila Vallilo, gerente médica de imunologia da Novartis, iniciou sua apresentação destacando que a motivação para a proposta de incorporação do secuquinumabe se deve ao fato de que 45,9% dos pacientes diagnosticados com hidradenite supurativa (HS) manifestam insatisfação em relação à sua opção de tratamento atual. O único tratamento biológico disponível na ANS é o adalimumabe, e os avanços na compreensão da patogênese da HS revelaram o papel central da interleucina.

A prevalência da doença no Brasil é de 0,41%, sem diferenças significativas entre as regiões, sendo mais comum em mulheres. De maneira geral, 35% dos pacientes apresentam HS moderada a grave e enfrentam sintomas debilitantes, como dor incapacitante, corrimento e odores.

Hidradenite Supurativa (HS)

Durante a apresentação da tecnologia, foi realizada a apresentação do estudo que comparou o secuquinumabe ao adalimumabe, que está disponível no rol. Não foram observadas diferenças em relação aos eventos adversos entre as comparações. Os resultados indicam uma resposta sustentada (por um ano) melhor com secuquinumabe em comparação ao adalimumabe.

Em seguida, Carla Tozato, gerente de acesso e farmacoeconomia, destacou que a avaliação econômica em saúde revelou que embora adalimumabe apresente uma melhor resposta a curto prazo, análises de longo prazo indicam maior efetividade do secuquinumabe. O secuquinumabe tem o potencial de gerar uma economia para o sistema de saúde suplementar que varia de R$ 38 a R$ 135 milhões entre o primeiro e o quinto ano.

Patrícia Nascimento Góes, especialista em regulação da ANS, apontou que, ensaios clínicos randomizados (SUNRISE e SUNSHINE), envolvendo 1.084 pacientes, indicaram que o secuquinumabe aumenta a proporção de pacientes com resposta clínica adequada, reduz a taxa de exacerbação da doença, melhora a resolução da dor e a qualidade de vida, com alta certeza das evidências. Além disso, é provável que não altere o risco de eventos adversos.

Sobre a análise de impacto incremental, Cecília Pessanha Lima, especialista em regulação de saúde suplementar da ANS, destacou que a economia gerada poderia ser de R$ 789,2 milhões em cinco anos, com uma média anual de R$ 157,8 milhões. O estudo de custo-minimização elaborado pelo proponente mostrou que secuquinumabe geraria uma economia de R$ 250.196,63 por paciente tratado em comparação ao adalimumabe. No entanto, o modelo possui limitações, pois desconsidera diferenças na efetividade entre a intervenção e o comparador. Destacou que no recálculo realizado pelos pareceristas, assim como o apresentado pelos proponentes, foi estimado um impacto orçamentário positivo com a disponibilização do secuquinumabe no rol. O impacto incremental médio anual de economia foi estimado em R$ 157,8 milhões, para atender uma população média anual de 2.312 pacientes.

Paulo Odani, representante da Sociedade Brasileira de Dermatologia, destacou que a hidradenite supurativa acarreta custos indiretos e diretos significativos para o sistema de saúde, enfatizando que quanto mais opções terapêuticas o paciente tiver, melhor será seu tratamento.

Natália Brandão, representante da FenaSaúde, destacou as evidências apresentadas sobre o secuquinumabe em comparação ao placebo, enfatizando os critérios de elegibilidade: pacientes com cinco ou mais lesões inflamatórias afetando pelo menos duas áreas distintas, aqueles previamente tratados com inibidores de TNF-alfa ou em uso de antibióticos. Além do uso concomitante de tratamento de resgate. Os critérios de exclusão incluíam pacientes com 20 ou mais fístulas no início do estudo ou que apresentassem condições ativas contínuas que exigissem outros tratamentos.

Paulo Antonio, representando a Associação Médica Brasileira, mencionou que a hidradenite supurativa (HS) é uma doença crônica, inflamatória, recorrente e debilitante, afetando áreas com glândulas apócrinas, como as regiões axilar, inguinal e anogenital. Ele destacou que a prevalência exata da HS continua desconhecida, com diversos estudos estimando uma taxa entre 0,03% e 4% na população em geral.

José Célio Peixoto, representante da Psoríase Brasil e vice-presidente da entidade, destacou que a hidradenite supurativa é uma doença complexa e de difícil diagnóstico, podendo levar anos até que o paciente receba o tratamento adequado. Ele enfatizou o impacto da HS na vida profissional, mencionando que 79% dos pacientes afirmam que a condição afetou seu trabalho, 52% mudaram seus planos profissionais e 27% faltaram ao trabalho por mais de 15 dias.

A conselheira de saúde Priscila Torres ressaltou a relevância da incorporação do secuquinumabe para portadores de hidradenite supurativa moderada a grave, enfatizando que o uso de medicamentos biossimilares na saúde suplementar deve sempre seguir a prescrição médica, e não ser uma prática aleatória das operadoras.

Após a apresentação das contribuições e discussão, foram favoráveis: Conselho Nacional de Saúde (CNS); Associação Médica Brasileira; Febrararas; Cofen; Conselho Federal de Fármacia; Abra; Abrasta; Afag e MTE. Foram desfavoráveis: FensaSaúde; Unidas; Abramge; Sinog e Unimed do Brasil.

A recomendação preliminar será analisada pela Diretoria Colegiada da ANS, que decidirá, por meio de votação, sobre a abertura de consulta pública e a realização de audiência pública, caso o parecer seja desfavorável à incorporação no rol.

Reunião de discussão do Cosaúde: disponível aqui! 

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